22 de março de 2010

indulgência para os criminosos; paciência para as vítimas?


Lê-se na pág.14 do jornal Público de hoje que "Bento XVI pede indulgência para os [padres] envolvidos nos abusos [sexuais de menores - pedófilos].

A pedofilia no seio da igreja católica atingiu uma dimensão internacional - EUA, Alemanha, Irlanda, Austrália, Brasil, etc... A hierarquia religiosa começou por tentar esconder os factos, passou a manifestar vergonha e remorsos (pagando as devidas indemnizações quando obrigada) e agora pede indulgência para os criminosos. Sobre as vítimas, as palavras e as acções escasseiam...

A Bíblia que eu li deve ser diferente daquela que Ratzinger leu...

A situação "alterou-se" significativamente quando "Silvio Berlusconi, manifestou hoje solidariedade para com o papa Bento XVI face aos escândalos de abuso sexual de menores por padres católicos" [http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1525489&seccao=Europa]

Infelizmente, não estamos perante um problema de solidariedade.
Mas, em questões de sexualidade, Berlusconi deve sentir-se confiante para se mostrar solidário. Está no seu direito.

Ainda de acordo com o Público de hoje:
"o Vaticano 'continua a não perceber que isto não é apenas sobre casos individuais, mas sobre um problema estrutural da Igreja' , lamentou Christian Weisner, porta-voz do movimento reformista Nós Somos Igreja na Alemanha".

Será este o caminho de Deus?

3 comentários:

Anónimo disse...

Saramago tinha e tem razão. É tempo de reler 'caim', uma verdadeira Obra Literária.
Pena que alguns não consigam enfrentar a realidade dos factos com a devida serenidade.
Não são só os adeptos de futebol que se enfurecem quando a sua equipa perde, mesmo que tenha perdido por jogar mal ou pior do que o adversário.
Não é só no futebol que a fúria tolda o pensamento.

Anónimo disse...

“O caminho”

A propósito de relatos recentes sobre as falhas de homens da Igreja em questões tão sensíveis quanto as da sexualidade, somos levados a questionar-nos “lato sensu”, sobre as falhas dos homens nos mais diversos campos da sua actuação e uma pergunta se nos coloca “Será este o caminho de Deus ?”.

Não pondo em causa o criador que nos fez à sua imagem e semelhança e seguramente com a melhor das intenções, mas tendo por base a análise das inúmeras falhas que todos cometemos e com os resultados muitas vezes deploráveis que todos constatamos, eu diria que certamente houve desvios à intenção original.

Se não como se explica que ande meio mundo a tentar enganar o outro meio, que sejamos o único ser da criação que mata o seu semelhante sem ser por motivos da mais básica sobrevivência, que sejamos capazes de vender a alma ao diabo por cinco mil réis, capazes de matar, destruir e subjugar pela obtenção de milhões.

Parece que ao homem tudo é permitido em nome de um deus menor, representado pela sua mais vil invenção, o dinheiro, que representa o poder, o poder mesmo de destruir o seu semelhante e quem sabe mesmo se a própria humanidade, em nome da especulação desenfreada e da obtenção de bens que nunca serão suficientes.

O homem terá seguramente que repensar o seu caminho, mais que não seja porque depois de destruir tudo à sua volta de nada lhe servirá a imensa riqueza acumulada com esta visão redutora da sua existência, que acabará forçosamente por conduzi-lo à auto-destruição, e que ninguém pense julgar o outro pois o único caminho é o perdão.

“Será este o caminho de Deus ?”, é este, o caminho do perdão e a rasteira que ele nos colocou foi ter-nos criado assim tão imperfeitos e não à sua imagem e semelhança, para nos colocar perante o desafio supremo do perdão e assim desfeitear o nosso lado agressor que acabaria por nos auto-destruir se a tempo e horas não reencontrássemos o caminho.

Anónimo disse...

O abuso de menores é roupa suja que a igreja não deve lavar em público, na opinião do cardeal saraiva martins.
O abuso de menores é pedofilia. Não é roupa suja. E as vítimas - os mais fracos nesta relação - devem ser defendidas. Para além de estar em causa um pecado está em causa um crime. E quem encobre um crime é conivente com quem o pratica directamente. Isto é básico e elementar. E há muitos católicos a questionarem-se (silenciosamente) sobre os dirigentes da sua igreja porque não aceitam esta realidade!