Estamos a terminar o ano. Momento ideal para fazer alguns balanços. Vem assim a propósito a maior obra do ano. Ora o maior investimento efectuado em todo o Concelho foi (ou é?) feito na estrada entre Sta.Catarina e as Alcáçovas.
Neste projecto são canalisados, segundo a CMAS, 600.000,00 €uros - o que corresponde a 120 milhões de escudos e não 1,2 milhões de escudos como publicado na Folha de Alcácer nº 28 em artigo assinado pelo Sr.Vereador das Obras Municipais. É realmente muito, muito dinheiro!
A reparação da estrada era evidentemente necessária. O estado em que se encontrava justificava, por si só, uma intervenção. Isso é inquestionavel.
Mas estranha-se a forma e as opções tomadas para reparar tamanha anomalia. E porquê?
Analisemos factos concretos.
Para tal recorremos à entrevista do Senhor Presidente Arquitecto Pedro Paredes ao jornal Notícial do Litoral de 28 de Fevereiro de 2007:
"vamos fazer uma coisa que me parece uma mentira: Digo isto com toda a tranquilidade, porque é um bocado gastar dinheiro inutilmente, mas pelo menos dá a sensação às pessoas que, na prática, a câmara está mesmo a acarinhar a questão da estrada."
Porque se preocupa o Senhor Presidente com a sensação que dá às pessoas ? Porque não se preocupa antes com factos concretos, que não pareçam mentiras e que sejam relevantes para o desenvolvimento sustentado da nossa terra? As decisões são tomadas com base em sensações? O que nós precisamos é de factos concretos e reais, estruturados duma forma integrada com o objectivo de gerar resultados. Nós não vivemos das sensações.
Será possível que, perante o facto de se gastar dinheiro inutilmente - são só 600.000,00 €uros... - se pode permanecer tranquilo? Não seria normal estar inconformado e procurar activamente alternativas? Não seria normal pensar em investir o dinheiro em vez de o gastar inutilmente? Porque não o fizeram?
Não sendo por falta de alternativas (porque elas existem!), qual acha que poderia ser a razão?
Realmente isto até parece uma mentira. Infelizmente não é.
Mas há mais!
Afirma ainda o Senhor Presidente: "...vamos fazer um troço de três quilómetros, ... , que dá para um ano ou dois e todos os anos vamos fazendo mais um bocado...Isto é um bocado disparatado, mas é o nosso coração a funcionar"
Disparatado é, e o próprio Presidente o confirma. Senão vejamos. Se cada troço dá para um ano ou dois, quer dizer que em 2008, o mais tardar em 2009, o troço agora feito já não estará capaz. Ora nessa data a estrada ainda não estará concluída - uma estrada de 12 Km reparada em troços de 3 Km dá 12 : 3 = 4 troços = 4 anos! Seguindo este raciocínio, a estrada terá que ser reparada ainda antes de ser terminada! E as reparações suceder-se-ão com uma frequência notável! Realmente é um grande disparate!
Posteriormente "melhorou-se" a questão reduzindo o número de troços a reparar de 4 para 3...O que também não resolve o disparate, apenas o modifica. E qual será a razão de tamanha melhoria! Possivelmente para terem a estrada terminada antes das próximas eleições...
Estes problemas costumam acontecer a quem decide usar o coração para tomar decisões. São as chamadas decisões emocionais. Mas acontece que a qualidade destas decisões tende a ser muito reduzida. Daí pedirmos ao executivo camarário para usarem mais a cabeça e menos o coração. Se o conseguirem fazer ganharemos todos!
Mas ainda não é tudo! O Senhor Presidente ainda afirmou:
"...estamos dispostos a fazer este "disparate", e digo que é um disparate porque depois pode vir a Estradas de Portugal, passado pouco tempo, limpar aquilo tudo e fazer a estrada como deve ser. Aparentemente, é dinheiro deitado à rua, mas eu, emocionalmente, sinto que temos de dar um jeito àquilo, porque senão as pessoas entram em desespero."
Quando se faz qualquer coisa, porque é que não se faz sempre "como deve ser" em vez de se fazerem (não é só este) tantos disparates?
Dinheiro deitado à rua? Para quê? Quem beneficia disso? Como?
O disparate é tamanho que dispensa grandes comentários. Alcançamos o limiar do surreal ou do irreal.
É revoltante ver como se articulam as instituições - neste caso a Estradas de Portugal e a CMAS - e como se gere o dinheiro dos impostos que pagamos. São os 600.000,00 €uros das obras em curso acrescidos dos ?.000.000,00 €uros que se gastarão para fazer a estrada como deve ser!
"sinto que temos de dar um jeito àquilo, porque senão as pessoas entram em desespero", afirmou o Senhor Presidente. Nós respondemos:
Não dê um jeito. Faça é "disto" e "daquilo" uma terra desenvolvida. Porque a grande maioria das pessoas está a entrar em desespero!
Muito mais se poderia dizer...mas oportunidades não vão faltar.
Nota: as citações apresentadas foram, todas elas, extraídas da entrevista dada pelo Senhor Presidente Arquitecto Pedro Paredes ao Notícias do Litoral de 28/2/2007.
Caso queiram enriquecer este tema podem enviar informações para alcacerdosol@gmail.com . Obrigado a todos!
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