27 de novembro de 2008

instabilidade no pacto de estabilidade

A crise que Portugal atravessa já se sentia no início do milénio.
Havia na altura, pelo que constou, um pântano político avassalador.
Nessa altura a Europa estava em crescimento, demonstrando grande fulgor. Nós estavamos em crise declarada.
Era o Portugal da tanga...
Ferreira Leite era ministra...
Havia um Pacto de Estabilidade que era necessário seguir.
Havia um défice sagrado que justificava tudo.
Havia investimento público que era necessário cortar.
À custa desse pacto fez-se muita coisa.
A grande maioria dos Portugueses perdeu poder de compra, perdeu direitos, perdeu alegria, ... perdeu!
Outros houve, uma pequena minoria, que ganharam, ganharam muito. Dinheiro, poder, influência...
Os Bancos davam lucros fabulosos. Com a ajuda de reduções no IRC.
Tudo isso se fazia duma forma aparentemente determinada.
Diziam-nos que aquele era o caminho a seguir.
Diziam-nos que era imprescindível e necessário.
Diziam-nos que era para o bem de todos nós.


Os tempos mudaram.
Para isso a Europa deu, uma vez mais, a sua ajuda. E levou-nos o discurso da tanga para Bruxelas.
À tanga sucedeu-se a engenharia da Universidade Independente.
A crise em Portugal continuou.
O pacto de estabilidade manteve-se.
O défice permaneceu sagrado.
O investimento público reduziu-se.
A grande maioria dos Portugueses continuou a perder.
A Europa mantinha a sua vitalidade.
Diziam-nos que aquele era o caminho a seguir.
Diziam-nos que era imprescindível e necessário.
Diziam-nos que era para o bem de todos nós.

Mas eis que alguém descobre que os bancos andavam a fazer batota.
Gente honrada, insuspeita e honesta deu em ... batoteiros!
Descobriram-se produtos tóxicos no mercado.
Descobriram-se buracos por tudo quanto era sítio.
Como ninguém parece ter sido responsável por isso, conclui-se que as descobertas se deveram a fenómenos de geração espontânea.
Por isso era preciso dar uma mão e ajudar.

Nesta altura, a crise continua instalada em Portugal. Mas não só.
Agora vêm-nos dizer que afinal o Pacto de Estabilidade pode ser alterado.
Agora vêm-nos dizer que o défice pode ser ultrapassado.
Agora vêm-nos dizer que o investimento público deve crescer significativamente.

Enfim, vêm-nos dizer precisamente o oposto que nos diziam ainda há muito, muito pouco tempo.
Dizem-nos isto, da mesma forma como nos disseram o contrário.
Que este é o caminho a seguir.
Que tudo isto é imprescindível e necessário.
Que tudo isto é para o nosso bem.

A crise continua.
A maioria dos Portugueses também continua... a perder.
E a pagar o descaramento dos batoteiros.
Tudo isto parece normal numa sociedade vocacionada para as "empresas".
Mas não faria mais sentido seguirmos no sentido duma sociedade vocacionada para as Pessoas?

O que faz a ganância...
... e a batota!

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