18 de setembro de 2008

a complexidade dos 50$52, ou seja, 0.252€

Visitamos Espanha.
Hoje.
Sentimo-nos enganados.
Não pelos Espanhóis.
Em Espanha fomos sempre tratados com respeito e consideração. O que é normal.

Aconteceu que, ao passarmos a fronteira, parámos numa bomba de gasolina da Galp. Fomos abastecer o veículo.
Como o carro funciona a gasolina, escolhemos a mais barata, sem chumbo 95.
Pagámos 1,206€ por litro.


__________Bomba da GALP em Espanha



Tabela de preços em vigor na Galp em Espanha, colocada à entrada da bomba, de forma bem visível


Regressados a Portugal, no mesmo dia, voltamos a parar numa bomba da Galp.
Procurámos a tabela de preços. Encontramo-la ao fundo da bomba, a um canto...


__________Bomba da Galp em Portugal


Verificamos que a mesma gasolina -sem chumbo 95- vendida pela Galp em Espanha a 1,206 €, custava na Galp em Portugal 1,458 €.


__________Tabela de preços praticados pela Galp em Portugal
__________Preços significativamente mais altos, sem excepção


Sentimo-nos enganados.
Como é que Você se sentiria?
Em Portugal paga-se mais 50,52 Escudos por litro, ou seja, mais 25,2 cêntimos por litro! 21% mais!
Num depósito de 50 litros a diferença é superior a 12,50 €uros!

Porquê?
Para ajudar o desenvolvimento do País?
Não, certamente que não é.
Para auxiliar as famílias Portuguesas que atravessam inúmeras dificuldades? Seguramente que também não.
Tudo isto se deve à diferença nos impostos aplicados entre Portugal e Espanha? Não, essa não é a única razão. Há dinheiro que vai parar a outros bolsos...
E quem anda a ganhar com este negócio?
Poucos. Muito poucos.
Há, em Portugal, cada vez menos a ganhar cada vez mais, muito mais.
À custa de quem?
Da grande maioria dos Portugueses, claramente.

E perante este cenário, que nos é dado a observar?

Que há uma dita autoridade da concorrência que diz que vai analisar profundamente a questão.
Que terá andado a fazer a dita autoridade até agora? (visto que este problema se arrasta há imenso tempo).
Para que é que lhes andamos a pagar salários se não têm o seu trabalho em dia? O tempo das facilidades não acabou, como dizia um nosso governante?
Certo é que ninguém consegue entender a razão de tamanha apatia. Ou será inoperância? Se eles acham que está tudo bem, expliquem os fundamentos dessa posição. Disponibilizem já, a todos os Portugueses, os dados que fundamentam as suas posições. Não nos peçam é para, uma vez mais, continuarmos a esperar.

O Governo começou por dizer que não pode interferir na questão dos preços dos combustíveis.
Sentir-se-ão incapazes?
Ou será que só conseguem mostrar a sua força perante os mais fracos e os mais desprotegidos (leia-se os Portugueses comuns)?
Entretanto há um ministro que, esta semana, apela à descida dos preços dos combustíveis. E, no dia seguinte, o preço sobe! O que deixa a nú a triste realidade de que o poder político anda subjugado ao poder económico...
No início deste milénio os preços eram regulados. Agora não são. Entretanto a situação piorou a olhos vistos. Com impacto directo no desenvolvimento do País. Porque não se resolve o problema?
Porque não se limita a ganância do poder económico?
Porque se sacrifica todo um povo em benefício das empresas?
Porque se desprezam as pessoas?

Cavaco Silva veio hoje dizer que este problema é complexo e que é necessário esperar...
Complexo? Mais tempo? Até quando? Porquê?
Ou há explicações concretas e objectivas que justificam estes preços ou somos levados a pensar que nos escondem alguma coisa. Costumam chamar-lhe especulação. Um amigo nosso chamou-lhe roubo. Mascarar comportamentos duvidosos com o monstro da complexidade faz-me lembrar a história do papão com que se assustam os meninos...
Expliquem-nos a complexidade dos 25 cêntimos de diferença em cada litro de gasolina. Nós saberemos entendê-lo. Porque complexo, complexo, é entender a desculpabilização de tamanha injustiça, que já ninguém consegue esconder.

Durão Barroso, numa rápida passagem no governo do Portugal de Tanga, liberalizou o preço dos combustíveis. Dizia ele que, com esta ilustre medida, a competitividade do sector aumentaria. O que dinamizaria a economia e baixaria os preços no consumidor final. A realidade mostra o contrário. Durão Barroso enganou-se, foi enganado ou enganou-nos?

Factos.
Em Agosto o preço do petróleo rondou os 140 dólares.
Esta semana cotava-se a 92,55 dólares (dia 15 - Londres).
Uma variação aproximada de 30%.
Porque razão este facto não se reflecte, teimosamente, nos postos de abastecimento?


Vá lá, não compliquem o que é simples!
Deixem-se de chavões.
No preço dos combustíveis não há nenhuma complexidade extraordinária.
O que há é outra coisa...


.....................
NOTA:
Outros dados, relativos à variação dos preços dos combustíveis, estão disponíveis noutros artigos publicados no Alcácer do Sol. O impacto da cotação do Euro relativamente ao dólar são apenas um exemplo.

Sem comentários: