4 de setembro de 2008

memórias tristes das férias

Estas férias estivemos em Paris.
Já lá não íamos há uns anos.
Vimos coisas que, para nós, foram novidade.
E recordámo-nos de Alcácer do Sal. Com tristeza.
.
Falamos do sistema público de bicicletas da responsabilidade da Câmara de Paris.
Vejamos as imagens.
Valem por mil palavras.
Poderão assim perceber mais facilmente os nossos sentimentos.


Este é um dos muitos parques de bicicletas em Paris,
em frente à Câmara Municipal.

O sistema de Paris contempla (do ponto de vista do utilizador)
um quiosque multimédia, as bicicletas e os respectivos sistemas de fixação.
VELIB - o logotipo do sistema de bicicletas de Paris

À noite conseguem-se encontrar parques repletos.


Utilizadoras de bicicletas de Paris 2008 (em cima) e de Alcácer do Sal 2005 (em baixo).


Ao recordarmo-nos da nossa terra, fomos inevitavelmente invadidos por um sentimento de tristeza.
Percebam a razão dos nossos sentimentos através das próximas imagens.

Aqui vemos um dos 14 parques de bicicletas instalados em 2005.
Este projecto foi financiado pela Comunidade Europeia em 80%.
Era composto, do ponto de vista do utilizador, por um quiosque
multimédia , bicicletas e o respectivo sistema de bloqueio.
Funcionava de forma autónoma com recurso a um smart
card (cartão pessoal tipo multibanco com um chip incorporado).


Também havia um parque de bicicletas em frente à Câmara Municipal.
Olhem o destino que lhe foi dado pela equipa do Sr. Paredes:


Em Alcácer do Sal, as bicicletas também tinham um cesto utilitário à frente e também eram digitalmente identificadas.
Ao requisitar uma bicicleta, o sistema registava automaticamente os dados do utilizador, até que a bicicleta fosse devolvida. Esta era uma forma de responsabilizar o utente.
Em Alcácer do Sal também era possível requisitar uma bicicleta num parque e devolvê-la num outro qualquer (os quiosques comunicavam, por GPRS, com um sistema de controlo instalado na abegoaria).


A iniciativa da Câmara em destruir o Sistema de Mobilidade de Alcácer do Sal estendeu-se aos restantes parques espalhados pela cidade e a outros equipamentos integrantes do projecto.

Para destruir este sistema, a Câmara teve que devolver os fundos comunitários - cerca de 200.000,00 €uros!

E ainda teve que suportar os custos de tudo aquilo que não foi comparticipado pela CE, valor que, pela nossa estimativa, se aproxima dos 100.000,00 €uros.

Alcácer perdeu em termos ambientais, turísticos, sociais...

Este parque estava localizado junto à Escola Secundária.

Nesse local resta agora a vista dum outro caso de sucesso desta equipa camarária:
uma escavação arqueológica iniciada e rapidamente abandonada.
Ou embargada? O quê, enganaram-se outra vez?
Outra tristeza...
Uma utilização sui generis para um espaço verde.
Os direitos de autor são da equipa do Sr.Paredes.


Numa época de crise energética e ambiental de nível global, torna-se imperioso alterarmos muitos aspectos do nosso quotidiano. A adaptação às novas condições que a realidade nos impõe obriga-nos a evoluir continuamente. Esta é a forma correcta de enfrentarmos os desafios constantes num mundo em permanente mudança.
É assim em todo o mundo civilizado.
.
Paris é apenas um exemplo. Não é nenhuma excepção.
.
Excepção é Alcácer do Sal que regride contínuamente.
Excepção é Alcácer do Sal que, a continuar a ser gerida desta forma, fica cada vez mais longe daquilo que todos nós queremos: viver numa sociedade desenvolvida de que nos possamos orgulhar!
.
Digam lá se isto não é uma tristeza!
.
...............................................................................
Nota:
A decisão de destruir o sistema de mobilidade foi uma decisão puramente política. Ou seja, os aspectos técnicos e o funcionamento do sistema foram validados e aprovados pelos representantes da Comunidade Europeia, que se deslocaram várias vezes a Alcácer do Sal. Aliás, esta é uma das condições necessárias para que os financiamentos sejam pagos. Se assim não fosse, não haveria lugar a devoluções de dinheiro pela CMAS. E houve, como está registado em documentos oficiais.

Sem comentários: