13 de junho de 2008

"porreiro, pá..."

Re-aborto.
Num país extremamente católico, deu-se o re-aborto da constituição europeia.
... quem diria ...

Inicialmente foram os povos Francês e Holandês a aborta-la. Nessa altura, os donos do mundo, senhores do muito dinheiro, conquistadores da Europa, arranjaram maneira para dizer que aquilo não valia. E nem quizeram repetir. O povo não estava à altura!

Mascararam os factos.
Mudaram o nome.
Mantiveram a intenção - liberdade de crescimento para o liberalismo (neologismo de capitalismo selvagem).

Sócrates foi um aluno bem comportado - cromo?
Fez a cimeira de Lisboa, arrumadinha, certinha, bonitinha, ocazinha...
Correu-lhe bem, a julgar pelo comentário de que "foi porreiro, pá..."
Rompeu com uma promessa eleitoral: referendar o tratado. Provavelmente porque a População Portuguesa pesa pouco na sua balança.
Preferiu alinhar atrás dos seus Senhores. Terá valido a pena?

Os Senhores decidiram que, no resto da Europa, a população não tinha o direito de exprimir a sua opinião sobre o tratado. Fraca democracia esta que despreza as pessoas e tenta impor, artificialmente, vontades alheias.
Foram poucos, ou nenhuns, os momentos em que se discutiu, com a população, o conteúdo do documento. A ideia de que o tratado era pouco claro e objectivo dominou. Seria essa a verdadeira intenção? Daria jeito que não fosse discutido? Estariam a tentar esconder alguma coisa? Estariam a tentar tapar o sol com a peneira?

No entanto, não se deram ao trabalho de "comprar" (sim, comprar também dá trabalho) um aspecto aparentemente menor. A Irlanda!

Pois bem, a Irlanda limitou-se a repetir o que outros povos já tinham dito.
- Não.
Pecado!
Há políticos que, depois de mais uma rejeição inequívoca à constituição europeia, continuam empenhados em leva-la por diante.

Estranhamos. Porque razão há políticos que não "aceitam" as decisões dos seus eleitores se eles, repetidamente, negaram o tratado? Se o problema está na população, ainda alguém se vai lembrar de eleger outro povo (obrigado pela ajuda, Brecht!).

Veremos novas formas, camufladas, para contornar o obstáculo presente.
Contra a vontade de vários povos (alguns dos quais nem sequer tiveram direito a pronunciarem-se).
É a força do dinheiro contra as pessoas, seres humanos, essência da Humanidade!
É a ganância.
Todos nós sentimos o efeito deste capitalismo selvagem.
As pessoas perderam valor na nossa sociedade. O discurso político actual fala mais das empresas e do défice do que das pessoas.
O dinheiro atenua valores e princípios seculares, favorecendo interesses particulares, em detrimento das populações.

Até agora temos visto países que se sentiram pequenos e desenvolveram processos de expansão geográfica. Actualmente vemos mais. Vemos grandes organizações privadas a sentirem que a Terra já é pequena para satisfazer suas desmesuradas ambições. Ambos os casos desembocam em guerras. E nós estamos numa guerra económica. Somos sugados até não termos mais nada para dar. E, ao nosso lado, uma ínfima minoria, acumula desmesuradamente valor. O mundo, duma forma global, não está a evoluir duma forma positiva (não nos referimos à evolução tecnológica, mas sim à evolução económica e social).

Instituiu-se o conceito que tudo se compra, assim haja dinheiro. O que realmente acontece em imensos casos. Consequentemente, é vulgar observarmos nossos semelhantes a venderem a sua alma ao diabo. Esquecendo-se da factura que, mais tarde ou mais cedo, lhes aparecerá.

Com dinheiro é possível criar factos imaginários ou encobrir factos reais.

Mas há excepções.
Há países Europeus que recusaram o €uro.
Há países Europeus que recusaram aderir à comunidade Europeia.
Há países Europeus que se recusam a ser seguidores deste capitalismo selvagem.
Assim como há muitas pessoas, por todo o mundo, que resistem.
Muitas pessoas que acreditam que o dinheiro não é o valor fundamental na nossa existência.
E estas pessoas podem mudar a nossa Terra!


por: Potugal ao Sol

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