15 de abril de 2009

globalização da precaridade no liberalismo actual

Num estudo recente, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), estimou que existe 1,8 biliões de pessoas a trabalhar, nesse mundo fora, sem contrato nem segurança social, ou seja, em situação precária.
Em oposição, apenas 1,2 biliões de trabalhadores usufruem dos direitos básicos.

Ou seja, a grande maioria dos trabalhadores no mundo - 60% - estão em situação precária.

Mas, pior do que isto, é que a OCDE prevê o contínuo crescimento da precaridade.
Dessa forma, estima que 2/3 dos trabalhadores no mundo poderão ficar em situação precária num futuro próximo. Isto se se mantiver a actual tendência, ou seja, se se mantiverem as políticas liberais (grandes responsáveis pela actual crise mundial) e o crescimento populacional.

A OCDE também conclui que este valor (2/3 dos trabalhadores em situação precária) ainda poderá ser ultrapassado, como consequência da actual crise económica...

Você orgulha-se de viver num mundo assim?
E se mudassemos de carreiro?

2 comentários:

wolf disse...

Dizem os antigos que "cada um tem o que merece"! O amorfismo e subserviência das actuais gerações conduziram à formação de parasitas que inquinaram a sociedade e graças à indiferença proliferaram como praga. Veja-se o exemplo da nossa terra! Os melhores os mais capazes os mais competentes, os mais inteligentes, provocaram pela sua indiferença e desinteresse a oportunidade dos mais básicos, dos inúteis e dos estúpidos alcançarem o poder! Agora toda a gente comenta as vergonhas os ridículos os constantes vexames dos mendecaptos que usurparam as instituições! No entanto o que é que fazem para contrariar o absurdo? humilham-se, vergam-se, bajulam, em troca de uma paz podre, Dizem os antigos que "cada um tem o que merece"

wolf disse...

O Alcácer do Sol que me perdoe mas não resisto a transpôr a entrevista dada por Pedro Paredes ao Diário do Sul no dia 13/04/2009 porque há documentos que devem ficar para a história:
"Pedro Paredes está decidido a avançar rumo a um novo mandato à frente da Câmara de Alcácer do Sal. O militante socialista que nas últimas autárquicas chegou à presidência daquela edilidade justifica que ainda tem obra pela frente. Curioso. Na conversa com o "Diário do Sul", sentado à mesa do restaurante "Retiro Sadino", o autarca preferiu sempre falar das "pequenas obras": Desde o remate no passeio, à colocação do corrimão.

Por aí fora. Chamou-lhe "urbanismo de proximidade". Já antes havia garantido o seu empenho na manutenção de uma Alcácer o mais selvagem possível, traduzida no "último paraíso de Lisboa". Ingredientes com os quais Pedro Paredes tenciona assegurar o futuro da terra para os cerca de 14 mil habitantes. Para já, é preciso conseguir estancar a desertificação e logo depois partir para a captação de gente jovem. Também aqui há projectos na forja.

Com o primeiro mandato a aproximar-se a passos largos do fim, já pensou se avança para uma segunda candidatura?

Sim, é para avançar. Ao princípio a pessoa tende a dizer que não tem nada a ver com isto e que se quer ir embora. Repare que somos confrontados com uma grande pressão, desde a política, à económica, passando pela falta de meios, etc. Mas a partir do momento em que a pessoa começa a perceber de que forma se obtêm os financiamentos e como é que se põe as coisas a funcionar, depois isto até acaba por ser viciante. No fundo, é um projecto de arquitectura feito a outra escala. Em vez de ser um projecto de uma casa, de um lar ou habitação social, é um projecto de um concelho. E o ordenamento de um território é um desafio espectacular, sobretudo para um arquitecto.

E, já agora, como é que encontrou este território há cerca de três anos, quando chegou à presidência do Município?

Apesar de tudo, temos que aceitar que Alcácer do Sal ainda é um paraíso. A especulação imobiliária ainda não entrou por aqui e se isso depender de nós não vai entrar, porque isto é o último paraíso ao pé de Lisboa.

O que quer dizer com esse "se depender de nós?"

Alcácer do Sal tem o privilégio de ter a Reserva Natural do Estuário do Sado praticamente metida dentro do concelho. Isso é que é a nossa grande vantagem competitiva. Se nós estragássemos essa nossa vantagem, mesmo que a lei nos permitisse, depois ninguém queria cá vir, porque isto seria um bairro periférico de Lisboa. A aposta tem que ser no rio, na náutica de lazer e também nos desportos.

De resto, a autarquia já tem na manga um projecto de despoluição do rio Sado nesta zona.

As Águas de Portugal andaram sistematicamente a adiar o projecto da Estação de Tratamento de Águas Residuais. A Câmara de Alcácer do Sal, unilateralmente, vai avançar com o projecto e vamos fazer nós a ETAR. Provavelmente já não será neste mandato, mas será no próximo.

Digamos que o rio não vai ficar azul mas ficará despoluído rompendo a densa corrente das últimas décadas...

Diria que pelo menos não vai cheirar mal durante as vazantes É um perfeito absurdo estamos a falar em náutica de turismo de lazer e começar a cheirar a esgoto ao fim da tarde. Eu sei que é um bocado atrevido da nossa parte avançar sem as Águas de Portugal, porque somos uma câmara pequena, com um orçamento apenas de 20 milhões de euros. Mas está decidido, porque este projecto é muito importante para o nosso concelho.

Não é pela situação geográfica que Alcácer do Sal não terá futuro. O concelho está a escassos 80 quilómetros da Ponte Vasco da Gama, próximo do actual e futuro aeroporto, além de se situar paredes-meias com os milhões investidos na costa alentejana.
Como tenciona tirar partido destas oportunidades, apesar de Alcácer não ter praia?

Os que nós queremos é fazer um apoio de retaguarda, que nos fica muito bem. É esse tipo de apoio que eu prefiro. Temos bom vinho, bom azeite. Aliás, espero que a produção de azeite venha a alimentar aqui o nosso concelho. Pode ser já com olivais de nova geração, em que a árvore não cresce muito para não haver necessidades de varejar. Espero que entre vinho, arroz, sal e azeite que consigamos dinamizar a nossa economia.

Mas a fileira do arroz, afinal, ainda tem futuro?

Acho que sim, porque ainda nunca vi um canteiro abandonado e isso é uma prova de que o arroz é interessante em termos empresariais. Mas depois temos ainda o pinhão, que é uma fileira em que temos que avançar para uma certificação.

Em nome da qualidade ameaçada?

Já vejo, uma vez ou outra, alguma pinhoada, que é um doce típico da nossa terra, a ser vendida com pinhão de má qualidade. Depois há pinhoadas muito boas e outras menos boas, pelo que é preciso criar um mecanismo que certifique a qualidade.

Em que medida é que o seu concelho está a sentir a crise?

É um bocado estranho, mas, em contra-ciclo, não estamos a sentir a crise. Talvez porque no início do nosso mandato houve um abrir do concelho à iniciativa privada e um mobilizar de meios empresariais e de outros para os financiamentos. É claro que isso não se deve só ao trabalho da Câmara, mas também a várias entidades que se juntaram a nós neste processo. A verdade é que há pouco tempo soubemos, através da estatística oficial, da Empresa da Hora, que se formaram 23 novas empresas no concelho, o que é uma coisa muito significativa.

E que o deixa satisfeito?

Pois deixa. Fico satisfeito e depreendo daí que, um pouco em contra-ciclo, conseguimos aqui mobilizar as questões do turismo, da náutica, as questões do todo-o-terreno, com Dacar, as feiras temáticas e ainda não estamos a viver a crise. Até pode ser que se passarmos 2010 essa crise não chegue cá. Há uma série de empreendimentos que estão a mexer, há uma certa esperança. E aqui volto à questão de que se aceitarmos que isto é perfeitamente único, estando perto de Lisboa e das zonas mais selvagens que há, se mantivermos esta zona como uma zona em que se faz pouco mas muito bom, talvez haja futuro.

Como é que esse futuro se mede em termos de sucesso?

Se os agricultores conseguirem ter melhores rendimentos, através destas novas vinhas e olivais, se somarmos a isso a organização de provas equestres e outros eventos, isso é futuro. Veja que a Herdade da Comporta promoveu durante um mês uma prova de cavalos com obstáculos internacionais, onde participaram 30 países e foi extraordinário. Se os agricultores somaram às suas actividades a realização de outros eventos poderão ir melhorando os rendimentos e vão ter incentivos para continuarem por Alcácer do Sal. Para mim é isso o futuro do concelho, porque quer dizer que não houve pessoas a desistir, ou a reformarem-se precocemente, ou a venderem a suas quintas. Mas também não vamos fazer o contrário, que é encher isto de betão para ganharmos umas massas durante uns anos e depois acabou. Isso é que nunca.

Ou seja, que gostaria de ver Alcácer do Sal transformada num concelho dedicado aos eventos que garantisse uma ocupação anual?

Sem dúvida. Eu volto ao exemplo dos cavalos. A hotelaria da zona tem um pico de Junho, Julho e Agosto e acabou. Mas com os cavalos nas herdades da Comporta e do Sabroso houve outro pico e isso permite a um hoteleiro duplicar as receitas. Isso pode ser a diferença entre a falência e o sucesso, porque não estamos aqui a falar em fortunas loucas, porque ninguém enriquece a alugar quartos, mas dá para viver e sustentar a família. Isto é que pensar o futuro.

E estancar a perda de população...

Sabe que já sinto um ambiente positivo, em que as pessoas estão a corresponder. Ao princípio fazíamos coisas, mas as pessoas parece que tinham receio de aparecer. Agora mudou. As pessoas aparecem no Carnaval, na Reconstituição Histórica do Torrão, nos encontros de empresários, encontros de turismo. Sinto que as pessoas andam motivadas e acho que isso é um bom sinal. Claro que isto não é só mérito da Câmara, mas fica óbvio para mim que as pessoas tinham lá qualquer cosia para dar, mas que não estava era explorada.

Um mandato marcado pelas pequenas obras

No seu entender que marca deixa neste mandato?

São coisas pequenas, mas deliciosas. Olhe, são coisas tão simples como meter um corrimão num sítio onde havia um idoso que tinha dificuldade em passar, porque Alcácer do Sal é uma encosta e às vezes isso gera problemas de mobilidade a algumas pessoas com 80 anos. Quando se sai de casa, ou se desce ou se sobe, não há plano. A pavimentação da zona histórica também merece ser destacada. Salvaguardámos a questão histórica, passámos de pedra de basalto, que dá uma circulação pedonal menos eficaz, para pedra de calcário, que dá uma clivagem mais recta. Também mexemos na rede de águas.

É o chamado investimento de proximidade.

Porque de alguma forma não estamos só a investir no velhote que tem o corrimão novo, isto é urbanismo de proximidade, que é o que nos interessa. Não quero fazer a obra do mandato, a obra do regime ou a obra do presidente da Câmara. Quero fazer a pequena intervenção que é muito importante para as pessoas, porque favorece o velhote, mas também favorece o casal novo, que em vez de comprar uma moradia fora, nos arredores, como já há calçadas bonitas, rede de águas com pressão para se poder tomar um bom banho, se calhar, também se vai fixar no centro histórico. Tenho de me repetir, mas isto é que é o futuro.

Mas isso requer reabilitar o centro histórico?

Claro, é uma aposta que é cara, mas em vez de juntarmos o dinheiro todo e fazer uma auto-estrada por cima do rio, com uma estátua dos eleitos, é muito mais importante esta política de proximidade. Fazer o urbanismo do cantinho, do remate, da concordância do lancil.

Há muita casa por recuperar no centro histórico?

Há, mas mesmo assim não é tanta como seria de esperar, porque à custa desta política mas não só, até está a vir gente de fora, que quer comprar casa aqui. Agora temos uma candidatura recente que já apresentámos, de seis milhões de euros, que pretende recuperar toda a marginal e toda a zona histórica, fazendo uma parceria com associações, empresários, agricultores, sector privado, etc. É uma candidatura ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) que espero que seja aprovada, que nos vai dar muito trabalho mas que eu espero que nos dê, se for caso disso, um segundo mandato muito interessante. Estamos a falar de uma regeneração, que vai envolver muita gente.

E quanto a grandes obras?

Quando chegámos à Câmara tínhamos a ligação com Alcáçovas completamente cortada. Uma das primeiras decisões que tomámos foi, desde logo, entrar em contacto com as Estradas de Portugal para saber como era esta questão. Eles diziam que aquela estrada era nossa e nós dizíamos que era deles. Não havia entendimento, até que tomámos a decisão radical e com os nossos poucos haveres tomámos a iniciativa de fazer a estrada. Fizemos essa estrada que custou 600 mil euros, o que para o nosso orçamento é muito.

Contudo, os efeitos do investimento foram imediatos...

Mal terminámos a estrada o fluxo de trânsito a partir de Elvas, Évora, Montemor-o-Novo disparou. A localidade de Santa Catarina estava completamente morta e, de repente, rejuvenesceu. Mais, a prova de cavalos em Vale do Sabroso só foi possível por causa desta estrada, caso contrário não havia hipótese, porque os cavalos são animais muito sensíveis que não gostam de ser transportados por más estradas, porque ficam em stresse. Havia também um senhor que tem lá um belíssimo turismo rural, mas que não conseguia alugar nada. Assim que abrimos o primeiro troço começaram a surgir turistas. Portanto, desde o urbanismo de proximidade, desde o corrimão, do banco de jardim, da sombra, da fonte que estava sem água, ao restauro de um edifício municipal, à requalificação da biblioteca e dos dois galeões, que nos custaram uma fortuna, mas que estão a dar visibilidade ao concelho, até à obra de Santa Catarina, penso que temos feito um mandato interessante do ponto de vista das necessidades dos munícipes. Já agora, recordo-me ainda do enorme trabalho de pressão sobre o Ministério da Educação, que foi uma pressão chata, para conseguirmos garantir a nova escola secundária, cuja construção vai arrancar este Verão"
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