3 de abril de 2009

ninguém conseguiu evitar a ganância do liberalismo

O que será, que será?
Que andam suspirando pelas alcôvas?
Que andam sussurrando em versos e trovas?
Que andam combinando no bréu das tocas?
Que anda nas cabeças, anda nas bocas?
Que andam acendendo velas nos becos?
Que estão falando alto pelos botecos?
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza.
Será, que será.
O que não tem certeza, nem nunca terá?
O que não tem conserto, nem nunca terá?
O que não tem tamanho?



O que será, que será?
Que vive nas ideias desses amantes?
Que cantam os poetas mais delirantes?
Que juram os profetas embriagados?
Que está na romaria dos mutilados?
Que está na fantasia dos infelizes?
Que está no dia a dia das meretrizes?
No plano dos bandidos, dos desvalidos?
Em todos os sentidos.
Será, que será.
O que não tem decência, nem nunca terá?
O que não tem censura, nem nunca terá?
O que não faz sentido?



O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar?
Porque todos os risos vão desafiar?
Porque todos os sinos irão repicar?
Porque todos os hinos irão consagrar?
E todos os meninos vão desembestar?
E todos os destinos irão se encontrar?
E mesmo o Padre Eterno,
Que nunca foi lá,
Olhando aquele inferno
Vai abençoar
O que não tem governo, nem nunca terá
O que nao tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem juízo
La la la la la……..


Chico Buarque - escrito há algumas décadas...

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