Portugal.
Pagaram-nos para arrancar as nossa vinhas e os nossos olivais; nós obedecemos.
Pagaram-nos para não semearmos as nossas terras; nós obedecemos.
Multaram-nos por produzirmos, em excesso, leite e seus derivados; nós reduzimos a produção.
Voltaram a pagar-nos para abatermos as nossas traineiras; nós obedecemos.
Criamos um défice monstruoso, umas vezes a satisfazermos cunhas, outras vezes para não nos chatearmos, mas sempre com uma dose de negligência assustadora. Mandaram-nos controlar o défice e nós fizemo-lo, como se nada mais houvesse para além dele.
Acabámos por fechar a nossa siderurgia; queríamos o melhor para o país.
Destruímos a formação de técnicos intermédios em nome de novas políticas de educação.
Tivemos muitas outras ajudas, em nome do desenvolvimento sustentado e do progresso.
Hoje,
A maior parte do peixe que compramos é importado;
Passámos de exportadores a importadores de leite - somos deficitários;
Importamos cada vez mais cereais, e cada vez mais caros;
Há uma crise generalizada nos produtos alimentares com reflexos directos na nossa vida;
A nossa indústria é apenúria que se vê - excepção para a autoeuropa (que sózinha representa 2% do PIB) e mais uma dúzia de empresas.
O desemprego mantém-se teimosamente alto.
Temos falta de recursos humanos qualificados.
Mas temos serviços, muitos serviços, muita actividade no ramo imobiliário, muito marketing, muita conversa fiada, muito futebol e televisão qualidade duvidosa.
E poucos resultados.
É assim há anos e anos a fio.
Agora aparece uma crise internacional e não estamos preparados para a enfrentar. Pagamo-lo caro. Muito caro.
Onde está a coerência?
Terá tudo isto aparecido, assim de repente, como que saído do nada?
Não foi possível prever que esta história ainda acabava mal? ...para Portugal.
É possível fazer mais e melhor.
É preciso acreditarmos. E mudarmos!
11 de julho de 2008
onde param os excedentes?
Etiquetas: pensamento
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