26 de abril de 2009

estou triste

Estou triste.
Há quem ande a brincar com as nossas vidas.
Há grandes campanhas para mascarar a realidade.
Há grandes campanhas para encobrir manobras de bastidores mal intencionadas.
Há muita gente que desvaloriza o fim da ditadura em Abril de 1974.
Há quem, nesta data, inaugure obras em nome de Salazar e são muitos os que, silenciosamente, aprovam a iniciativa.
Há quem diga que, no tempo da ditadura, havia grandes re3ervas de ouro, havia "respeito", havia fado, fátima e futebol.
Esquecem-se que, nessa data, as mulheres não tinham direito de voto.
Esquecem-se que, nessa data, as mulheres necessitavam duma autorização escrita do marido se quizessem ir ao estrangeiro, como a Espanha por exemplo.
Esquecem-se que os amantes infelizes não tinham acesso ao divórcio. E o adultério era avaliado e julgado de forma muito diferenciada, pela justiça, consoante o adúltero fosse do sexo masculino ou feminino (é claro que para os homens as atenuantes eram extensas...)
Esquecem-se que as crianças não eram estimuladas a ir à escola - daí as taxas de analfabetismo recordes - mas não podiam, em situação alguma, deixar de particiapr na catequese - embora sem poderem fazer perguntas simples, como por exemplo, se deus existe e está presente em todo o lado, como permite tanta injustiça, tanta sofrimento, tanto horror sem interferir na defesa dos seus ideais.
Esquecem-se que havia dinheiro mas a maioria da população não tinha água canalizada, não tinha electricidade nem casa de banho (o que já não era comum na Europa...)
Esquecem-se que os jovens eram obrigados a participarem activamente numa guerra, independentemente dos seus valores morais ou das suas convicções. Eram colocadas numa situação de "matar" para não morrer.
Esquecem-se que os fumadores eram obrigadas a pagar imposto para poderem usar um simples isqueiro, porque era necessário proteger os interesses da indústria fosforeira.
Esquecem-se que uma simples junta de vacas, usadas para puxar um carro de bois, tinha que pagar licença para poder circular nas aldeias, nos campos, onde os agricultores (falamos de agricultores, não de latifundiários) comiam carne uma vez por mês e andavam, muitas vezes, descalços (por falta de sapatos!).
Esquecem-se que, se alguém falava demais ( e vá-se lá saber em concreto o que era falar demais) estava sujeito a prisão, a tortura, a deportação.
Esquecem-se que havia um pensamento que era correcto e que, os que não estavam englobados nessa categoria, eram punidos severamente, por vezes com a morte!


Isto é explicado nas escolas?
Isto é falado pelas famílias, aos mais novos, nos serões, nas refeições, nas reuniões sociais?
Isto é tudo imaginado e nunca aconteceu?

Valoriza-se o telemóvel, o carro, as viagens, a roupa de marca, a mini e desprezam-se os ensinamentos da História porquê?
Temos [o mundo] evoluído muito no ponto de vista tecnológico.
Não temos evoluído em termos Humanos.
Temos liberdade de expressão. Mas somos sujeitos a inúmeras e diversificadas formas de repressão.
Parece que, colectivamente, teimamos em não usar o cérebro.
Porque será?
Porque é desconfortável?
Porque não sabemos lidar com a incerteza e o desconhecimento?
Porque temos medo de correr riscos e enfrentar o inesperado?
Porque é mais fácil beber umas minis, exibir os adornos pessoais e esperar por uns elogios bacocos?
Porque é mais fácil simular que tudo está bem e, com base nesse pressuposto, justificar uma posição de conforto, dando um ar de importante e superior, indiferente a preocupações concretas. Tudo simulado, tudo fingido, tudo acompanhado de muitos conflitos interiores, não asumidos, mas atenuados com recurso a psicotrópicos, a minis, a ..., e a ...
Até parece que está tudo bem.
Até parece que as aparências justificam todas as nossas acções.

Estarei errado?
Digam-me lá se isto não são razões de sobra para me sentir triste?

5 comentários:

Anónimo disse...

Não, não está errado!
Não me admiraria nada que, daqui a alguns anos, se monte uma CAMPANHA DE DESINFORMAÇÃO, semelhante à que se montou em relação ao HOLOCAUSTO!
afirmam o: HOLOCAUSTO nunca aconteceu! Em Portugal a PIDE, a desinformação, a falta de liberdade, etc... também será imaginação de alguns loucos a quererem armar confusão!
Nas ESCOLAS e no SEIO FAMILIAR, estou de acordo consigo, é que não se deve dixar em BRANCO o que SE PASSAVA ANTES DE ACONTECER ABRIL!
Os meus filhos têm cerca de 30 anos e sempre me mandam uma mensagem nesse dia:"25 DE ABRIL SEMPRE!"

Anónimo disse...

Comparar o Holocausto a novela do municipio ? boa ! andamos a fumar alguma coisa estragada não é ? . Paulinho meu, apaga á tua vontade !

Alcácer do Sol disse...

Pequenote/a,
Aprende a ler.
Aprende a interpretar textos.
Deixa de te armar em deficiente mental...

Desde quando este texto se refere ao município?
Desde quando este texto aborda o holocausto?
O tema em causa é uma questão nacional.

Não conseguindo tu perceber isto, que te poderei dizer, pequenote?
Olha, vai à catequese, confessa-te, festeja o novo santo português e faz-te um Homem.
Percebo que, para ti, será uma tarefa árdua. Mas tenta. Não desistas. Vais ver que no fim ainda vais para o céu. Terás a companhia de anjinhos. E tudo será bonito e armonioso.
Mas olha que para isso terás de deixar de dizer disparates.
Ou seja, terás que estudar, reflectir, analisar, avaliar, dialogar, partilhar... enfim uma série de coisas boas para começares a fazer não achas?
Estás sempre a tempo de começar!

Alcácer do Sol disse...

Então pequenote, enganaste-te nas palavras?
Falas sem saber de quê?
Conjugaste foi mal o verbo quando dizes que "andamos a fumar umas coisas estragadas".
É que eu não fumo.
Conheces alguém que alguma vez me tenha visto a funar? Não conheces de certeza!
Logo corrige o verbo porque se alguém anda a fumar o que quer que seja não sou eu.
Devias ter usado o verbo na primeira pessoa do singular!

Alcácer do Sol disse...

o "pequenote" não tem a ver com a dimensão física, que desconheço (o pequenote não sai do anonimato...)

Neste caso "pequenote" tem a ver com a dimensão mental.