29 de maio de 2008

outro estudo da comunidade europeia

Foi divulgado mais um estudo da Comunidade Europeia.
Abordava um tipo de exclusão específico - a exclusão financeira.
E analisava, entre outros aspectos, a percentagem da população que não tinha sequer uma conta bancária.
Portugal, neste aspecto, destacava-se pela negativa.
No entanto, noutros aspectos da área financeira, Portugal destaca-se de forma exactamente oposta: falamos dos lucros dos operadores bancários.


À primeira vista pode parecer estranho. Mas não é. Vejamos.

O maior banco português é a CGD.
O dono da CGD é o Estado Português.
Este banco, cujos lucros constrastam com o período de crise prolongada em que vivemos, discrimina os seus clientes em função do seu rendimento económico.

Sejamos concretos.

  1. Uma pessoa que tenha uma conta na CGD com um saldo entre 1.000 € e 1.500 € paga de comissão de despesa de manutenção 20 €uros por ano.

  2. Uma pessoa que tenha uma conta na CGD com um saldo entre 500 € e 1.000 € paga de comissão de despesa de manutenção 28 €uros por ano (mais 8 €uros).

  3. Uma pessoa que tenha uma conta na CGD com um saldo inferior a 500 € paga de comissão de despesa de manutenção 52 €uros por ano (mais 32 €uros).

São excepções os jovens até aos 25 anos, os alunos do ensino superior, os serviços mínimos (seja lá o que isso for) e os titulares de conta-ordenado (o que exclui, entre outros, os desempregados e muitos dos empregados precários do país).

Para ter uma conta bancária, quanto mais baixo for o rendimento, mais ela paga . E o valor a pagar não é desprezável!

Note-se que, na situação actual do País, são muitos os Portugueses que não têm economias. Porque o seu salário é escasso para suportar uma vida com dignidade. Ou seja, o único dinheiro que podem ter no banco é o seu salário, e apenas no início de cada mês!

Não ter conta bancária significa não ter acesso à rede de caixas multibanco. Já imaginou sair do trabalho a correr para ir pagar a conta da água ou da luz e quando lá chega encontra a loja fechada? Já imaginou não poder carregar o telemovel no multibanco? Já imaginou não poder receber um cheque traçado (como pagamento dum biscate por exemplo) porque este tem que obrigatóriamente ser depositado? Já imaginou como seria a sua vida sem acesso ao crédito para a habitação?

Não estamos à espera que os bancos façam caridade. Mas também não esperavamos que os bancos discriminassem negativamente as pessoas de menores recursos. Principalmente quando o dono do banco é o Estado.

Mas não é tudo.

Se tiver uma conta à ordem na CGD, com alguns milhares de Euros e por períodos alargados de tempo (2 ou 3 anos por exemplo), o rendimento que lhe é pago é ZERO! Porque as contas à ordem não rendem juros...

Se tiver uma conta à ordem na CGD (por exemplo conta ordenado) em que o seu saldo entre em negativo, são-lhe cobrados juros mensais. Mesmo que tenha uma outra conta, também na CGD, em que o seu saldo seja substancialmente superior ao valor em negativo. Conta essa em que não lhe pagam juros...e até lhe podem cobrar comissões.

Isto acontece num sector da economia sólido e em forte crescimento. Para o ajudar, a taxa de IRC praticada no sector bancário é menos de metade da taxa aplicada aos outros sectores. Continuamos sem conseguir entender a razão desta excepção. Os bancos não estão em crise (vejam-se os lucros declarados; até podem esquecer as off-shore). Em contrapartida, outros sectores da economia estão em crise, nomeadamente a população Portuguesa. E não são merecedores de apoios equivalentes àqueles que são dados aos bancos. Pelo contrário! Ainda são discriminados, negativamente, pelo sector apoiado pelo Estado.


por: Portugal ao Sol

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