Foi divulgado mais um estudo da Comunidade Europeia.
Abordava um tipo de exclusão específico - a exclusão financeira.
E analisava, entre outros aspectos, a percentagem da população que não tinha sequer uma conta bancária.
Portugal, neste aspecto, destacava-se pela negativa.
No entanto, noutros aspectos da área financeira, Portugal destaca-se de forma exactamente oposta: falamos dos lucros dos operadores bancários.
À primeira vista pode parecer estranho. Mas não é. Vejamos.
O maior banco português é a CGD.
O dono da CGD é o Estado Português.
Este banco, cujos lucros constrastam com o período de crise prolongada em que vivemos, discrimina os seus clientes em função do seu rendimento económico.
Sejamos concretos.
- Uma pessoa que tenha uma conta na CGD com um saldo entre 1.000 € e 1.500 € paga de comissão de despesa de manutenção 20 €uros por ano.
- Uma pessoa que tenha uma conta na CGD com um saldo entre 500 € e 1.000 € paga de comissão de despesa de manutenção 28 €uros por ano (mais 8 €uros).
- Uma pessoa que tenha uma conta na CGD com um saldo inferior a 500 € paga de comissão de despesa de manutenção 52 €uros por ano (mais 32 €uros).
São excepções os jovens até aos 25 anos, os alunos do ensino superior, os serviços mínimos (seja lá o que isso for) e os titulares de conta-ordenado (o que exclui, entre outros, os desempregados e muitos dos empregados precários do país).
Para ter uma conta bancária, quanto mais baixo for o rendimento, mais ela paga . E o valor a pagar não é desprezável!
Note-se que, na situação actual do País, são muitos os Portugueses que não têm economias. Porque o seu salário é escasso para suportar uma vida com dignidade. Ou seja, o único dinheiro que podem ter no banco é o seu salário, e apenas no início de cada mês!
Não ter conta bancária significa não ter acesso à rede de caixas multibanco. Já imaginou sair do trabalho a correr para ir pagar a conta da água ou da luz e quando lá chega encontra a loja fechada? Já imaginou não poder carregar o telemovel no multibanco? Já imaginou não poder receber um cheque traçado (como pagamento dum biscate por exemplo) porque este tem que obrigatóriamente ser depositado? Já imaginou como seria a sua vida sem acesso ao crédito para a habitação?
Não estamos à espera que os bancos façam caridade. Mas também não esperavamos que os bancos discriminassem negativamente as pessoas de menores recursos. Principalmente quando o dono do banco é o Estado.
Mas não é tudo.
Se tiver uma conta à ordem na CGD, com alguns milhares de Euros e por períodos alargados de tempo (2 ou 3 anos por exemplo), o rendimento que lhe é pago é ZERO! Porque as contas à ordem não rendem juros...
Se tiver uma conta à ordem na CGD (por exemplo conta ordenado) em que o seu saldo entre em negativo, são-lhe cobrados juros mensais. Mesmo que tenha uma outra conta, também na CGD, em que o seu saldo seja substancialmente superior ao valor em negativo. Conta essa em que não lhe pagam juros...e até lhe podem cobrar comissões.
Isto acontece num sector da economia sólido e em forte crescimento. Para o ajudar, a taxa de IRC praticada no sector bancário é menos de metade da taxa aplicada aos outros sectores. Continuamos sem conseguir entender a razão desta excepção. Os bancos não estão em crise (vejam-se os lucros declarados; até podem esquecer as off-shore). Em contrapartida, outros sectores da economia estão em crise, nomeadamente a população Portuguesa. E não são merecedores de apoios equivalentes àqueles que são dados aos bancos. Pelo contrário! Ainda são discriminados, negativamente, pelo sector apoiado pelo Estado.
por: Portugal ao Sol
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